Como unir técnicas clássicas de redação jurídica (LOUSA e IRAC/CRAC) ao uso da Inteligência Artificial (ChatGPT e Gemini) para redigir petições com precisão, ética e estrutura profissional.
⚖️ A nova fronteira da advocacia digital
A inteligência artificial já integra a rotina de milhares de escritórios. Modelos como ChatGPT-5 e Gemini 1.5 Pro viabilizam a análise de autos, a elaboração de minutas e a automação de fluxos com elevado ganho de eficiência.
Contudo, o diferencial não está na ferramenta em si, mas no método de uso.
O advogado que domina o raciocínio jurídico dentro do ambiente da IA é quem controla o resultado técnico e ético.
É nesse contexto que surgem os métodos LOUSA, IRAC/CRAC e o Fluxo 4P, formando juntos a Arquitetura Cognitiva da Petição 5.0 — um modelo híbrido que combina raciocínio humano e inteligência artificial generativa.
🤖 Gemini e ChatGPT: qual IA escolher?
Ambos os modelos atendem a propósitos distintos dentro da rotina jurídica.
Em síntese: o Gemini se destaca na leitura integral de documentos extensos, enquanto o ChatGPT sobressai na argumentação e redação estruturada, com recursos de automação que o tornam mais prático para fluxos jurídicos inteligentes.
Critério Gemini (Google) | ChatGPT (OpenAI)
Janela de contexto Até 2 milhões de tokens — ideal para autos volumosos. Até 1 milhão de tokens — suficiente para peças complexas.
Força principal Leitura integral e síntese de grandes volumes. Argumentação jurídica e estrutura textual.
Facilidade de uso Técnica, voltada a integrações do ecossistema Google. Intuitiva, compatível com Z-API, Make e n8n.
Recursos exclusivos Notebook LM (análise contextual). Função agêntica (atua como assistente jurídico digital).
Conclusão:
Gemini é indicado para análise e síntese de autos.
ChatGPT é o mais eficaz para redação de peças jurídicas e fluxos automatizados de atendimento e triagem.
🧩 O Fluxo 4P — a engenharia da interação com a IA
O Fluxo 4P é um protocolo que organiza a interação entre advogado e IA, garantindo clareza, rastreabilidade e precisão jurídica.
1. Parafrasear o objetivo: reformule o pedido em 2–4 linhas.
2. Plano de ação: descreva as etapas do raciocínio.
3. Produzir: gere o texto jurídico no formato solicitado.
Pós-checar: revise e valide o conteúdo, sugerindo ajustes.
Esse método assegura que cada resposta da IA seja verificável, objetiva e eticamente compatível com o Estatuto da OAB e o Provimento 205/2021.
Na prática, o advogado age como diretor cognitivo da IA, conduzindo o raciocínio jurídico com controle e responsabilidade.
📚 O método LOUSA — o mapa cognitivo da petição
O método L.O.U.S.A. (Leitura, Organização, União, Síntese e Aplicação) foi concebido como um roteiro cognitivo para o raciocínio jurídico estruturado.
Com a IA, ele ganha uma nova dimensão: torna-se um sistema de governança cognitiva, em que o advogado preserva o domínio da produção.
Etapa Função cognitiva Aplicação prática com IA
L — Leitura Compreender fatos e provas. A IA resume autos e identifica pontos centrais.
O — Organização Estruturar as ideias jurídicas. O advogado define o plano temático e teses.
U — União Conectar fatos e fundamentos. A IA associa as normas aos fatos relevantes.
S — Síntese Redigir de forma objetiva. A IA gera a minuta da petição.
A — Aplicação Revisar e adequar ao caso concreto. O advogado revisa e valida, mantendo a autoria intelectual.
O LOUSA é, portanto, uma ponte entre cognição humana e inteligência artificial, permitindo que o raciocínio jurídico permaneça sob controle humano, mesmo em fluxos automatizados.
🧠 O método IRAC/CRAC — a lógica do raciocínio jurídico
Enquanto o LOUSA foca a cognição, o IRAC/CRAC (Issue, Rule, Application, Conclusion) é um modelo lógico de argumentação jurídica estruturada, amplamente adotado no ensino jurídico internacional.
Etapa Significado Aplicação prática
I — Issue (Questão) Identifica o problema jurídico. “Houve negativação indevida?”
R — Rule (Regra) Define a norma aplicável. CDC, art. 42, parágrafo único.
A — Application (Aplicação) Relaciona fato e norma. Demonstra o nexo entre a conduta e o dano.
C — Conclusion (Conclusão) Formula a tese ou pedido. Pede indenização conforme jurisprudência do STJ.
Ao instruir a IA a seguir o IRAC/CRAC, o advogado obtém textos claros, coesos e juridicamente verificáveis — reduzindo ambiguidades e inconsistências argumentativas.
🔗 A fusão dos métodos — a “Arquitetura Cognitiva da Petição 5.0”
A combinação do Fluxo 4P, do LOUSA e do IRAC/CRAC resulta em uma estrutura integrada e evolutiva:
> Fluxo 4P → regula a interação
LOUSA → organiza o pensamento
IRAC/CRAC → estrutura a argumentação
Essa tríade dá origem à Advocacia 5.0, que une inteligência humana e artificial em um processo redacional inteligente, ético e transparente.
O advogado deixa de ser um simples redator e passa a ser um curador de raciocínios jurídicos, garantindo controle técnico e autoria intelectual sobre cada linha produzida pela IA.
🔐 Ética e responsabilidade profissional
Toda produção jurídica assistida por IA deve observar:
o Estatuto da OAB (Lei 8.906/94),
o Código de Ética e Disciplina da OAB, e
o Provimento 205/2021, que regula o marketing jurídico e o uso de tecnologia.
A autoria intelectual é sempre do advogado.
A IA é uma ferramenta de apoio, não substituta da função técnica e interpretativa.
🚀 Advocacia 5.0 — inteligência sobre inteligência
Dominar o uso ético da Inteligência Artificial é dominar o futuro da profissão jurídica.
Os métodos LOUSA, IRAC/CRAC e o Fluxo 4P formam uma nova gramática da advocacia — uma advocacia que pensa, argumenta e produz com precisão e propósito.
> “A verdadeira inteligência na advocacia não está na máquina, mas em quem sabe ensiná-la a pensar dentro dos limites do Direito.”
